domingo, 12 de janeiro de 2014

Sobre asas e raízes

Há alguns anos conheci uma senhora peculiar. Ela ficava o dia todo em frente à TV  e, de vez em quando, conversava com o cachorro. Embora tivesse uma pensão razoável do falecido marido e nenhuma preocupação, já que os filhos estavam criados, ela se deixava ficar ali, dia após dia, saindo de casa apenas para afazeres inevitáveis (banco, farmácia, mercado, etc).  Ela se enterrara viva.

Por outro lado, há pouco tempo conheci um casal de alemães viajando pela América do Sul. Apesar de seus 70 e poucos anos (se não era mais) sacolejaram dois dias inteiros dentro de jipe, sem reclamar, para irem do Atacama ao Salar de Uyunni , na Bolívia. Eu olhava para eles, sem banho, com pouca comida e cheios de pó e pensava em quanto eu sou mole, rsrsr.

Esse mesmo casal alemão me contou uma história interessante com um grande ensinamento: Eu suas perambulações pela America do Sul, quando estavam na nossa Foz do Iguaçu, conheceram um homem que estava viajando pelo mundo há muitos anos (ele viajava sem parar há 19 anos, se não me engano) e notaram nele algo de anormal, algo de mais anormal do que essa loucura inerentemente humana que todos temos, ou seja, observaram que havia mesmo algum tipo de perturbação. Ele parecia ter perdido um pouco o senso de realidade, a ponto de que até mesmo pessoas estranhas o notassem.  E então, fecharam a história com o tal ensinamento: “é tão importante ter asas, quanto raízes”. É por isso que amo viajar! Ouvi essa história sentada numa mesa de sal em um hotel feito todinho de sal na Bolívia, tomando um vinho delicioso, enquanto o vento soprava lá fora e fazia facilmente uns 7 graus.



Mas voltando à moral da coisa toda: ao contrário da senhora no começo do texto, o viajante compulsivo havia se jogado no mundo sem destino e sem porquê. Enquanto um havia se enterrado em sua vidinha cotidiana, o outro sequer tinha rotina. Como sempre, a resposta para tudo é o equilíbrio!  Tanto a senhora que não sai da frente da TV, quanto o viajante inveterado têm problemas de equilíbrio. É preciso ousar, de vez em quando, assim como o recolhimento também é importante para o refazimento das energias e das forças físicas.


É maravilhoso viajar, conhecer novas culturas, mas é bom, inclusive durante a viagem, lembrar do lar e voltar para a casa, com histórias e fotografias! Mesmo minha vontade de viajar o mundo não supera o amor pela minha casa e minha família!

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