Embora nunca tenham dito na minha cara, sei que tem gente que pensa que os viajantes querem fugir dos problemas...
Quem AMA viajar sabe que não é bem assim. Os problemas não desaparecem quando se está viajando. Aliás, se estiver sozinho, a tendência é que, em algum momento, no saguão do aeroporto, no quarto à noite, tomando um banho - as angústias, medos e dúvidas vão aparecer para te assombrar. Seguindo essa linha, viajar pode funcionar como um reencontro consigo mesmo e não uma fuga.
Eu, particularmente, uso todos os momentos de solidão com as angústias e dúvidas para tentar me entender um pouco mais e, talvez, tentar solucionar algumas questões.
Outra coisa interessante que acontece quando se viaja são as inevitáveis comparações com o próprio povo/cultura (ou até com sua cidade ou Estado) e a conclusão é sempre haverá a diferença! A simplicidade nos fará pensar sobre as necessidades reais e aquelas que criamos. A pobreza talvez no faça agradecer pelo que conquistamos (e perceber que, com todos os seus defeitos, o Brasil ainda é muito bom), a riqueza pode mostrar tanto a futilidade, quanto a cultura e a arrogância. Tudo é novo, tudo é ensinamento.
Provavelmente vai surgir aquele incômodo gerado pela diferença, aquele que tentamos negar, porque temos a cabeça aberta para ver a miséria e se abalar no nível certo. Aceitar a diferença não significa gostar dela. A nossa cabeça pode não ser tão aberta quanto imaginamos. Ainda há muito o que aprender, muito a melhorar, tanto em nível pessoal, quanto mundial.
O fato é que as viagens são um pouco como a vida de forma acelerada: guardam boas e más surpresas, pessoas que gostamos e que não gostamos. Lugares que adoramos e aqueles para os quais não voltaríamos, sorrisos, gargalhadas, lágrimas, tristeza...
Escolher o destino não é definir o que vai acontecer na viagem, é apenas dar o primeiro passo! Vamos?
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