domingo, 15 de junho de 2014

Você é aleijado de quê?

Há pouco tempo assisti o filme "Intocáveis", muito bem recebido pela crítica e pelo público. Uma resenha breve: 






"Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos ele aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Aos poucos a amizade entre eles se estabele, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro." Fonte: Adoro Cinema

Bom, mas o meu raciocínio ocorre aqui em cima de uma frase que Philippe diz a Driss a respeito de sua primeira mulher. Ele diz que ele não é aleijado por causa de sua tetraplegia, mas por causa da perda de sua esposa. Que amor! 

Então eu fiquei pensando que todos nós somos um pouco "aleijados". Aliás, a definição de aleijado no português de Portugal (a origem da nossa língua) pode ser "ferido" ou "magoado".  Sábia língua portuguesa! Minha primeira pergunta a mim mesma foi: do que eu estou me aleijando?

O que eu gostaria de fazer e estou me privando? 

Conheço pessoas que têm tudo, mas são completamente aleijadas de satisfação, de gratidão, nada está bom!

Conheço pessoas que não têm problemas, mas que gostam de inventar motivos para sofrer e se preocupar. Eu andei fazendo isso há uns tempos atrás e agora estou procurando reverter esse processo.

Conheço pessoas que se aleijaram da vaidade, mas não da vaidade fútil, e sim daquele cuidado essencial que traduz o amor próprio. Descuidaram da aparência, esquecendo-se que a forma como cuidamos do corpo - veículo do espírito enquanto estamos na Terra - reflete a nossa condição interior.

Conheço pessoas que, buscando desenfreadamente o prazer e a satisfação dos sentidos, aleijam-se da paz, que só é possível quando existe o equilíbrio.

Conheço pessoas que se aleijaram de uma boa convivência com as pessoas que as cercam, pois cultivam comportamentos egoístas/agressivos/críticos e não conseguem ter jogo de cintura para compreender que o mundo não tem a função de lhes agradar (acho que aqui todo mundo se identifica um pouco, mas esse comportamento adotado repetidamente dificulta muito a vida!).

Conheço pessoas que se aleijaram de viver seus sonhos. Prendem-se por medo ou comodismo em suas vidas diárias, sem arriscar, sem tentar, sem saírem de seus mundos e de si mesmas. A frase "A vida começa no final de sua zona de conforto." (Neale Donald Walsch) é uma inspiração! Ousar é necessário!

Conheço pessoas cheias de potencial, mas que se prendem nas amarras da preguiça e sempre inventam desculpas para não sair do lugar! Acho que todo mundo tem suas "desculpas" para não fazer o que é preciso, de vez em quando.

Conheço pessoas que deixam de viver, de ter momentos de lazer, de viajar, talvez por não se acharem merecedoras. Infelizmente tem gente que vive só pra trabalhar sem tempo de ser feliz!

Enfim, vejo pessoas que se aleijam de amor, sonhos, paz, empatia, saúde, equilíbrio, alegria, amizade, contentamento...cabe uma autoanálise, não?

Nenhum comentário:

Postar um comentário